Entre os fatores que mais influenciam no consumo de combustível do automóvel, o pneu fica atrás apenas do motor e da aerodinâmica. Ao rodar com a pressão de inflação abaixo da indicada, o pneu tem a sua resistência ao rolamento com o piso aumentada, o que exige mais esforço do motor e, consequentemente, eleva o consumo de combustível e a emissão de poluentes. E dependendo do tipo de percurso, das condições do tráfego e da forma de dirigir, essa resistência ao rolamento extra pode representar de 18% a 25% do consumo de energia do carro.
A perda de pressão pode acontecer por diversos fatores como um pequeno furo, uma válvula defeituosa (ou sem a tampa), uma roda avariada e até mesmo através da porosidade da borracha – o que ocorre naturalmente, ainda que o pneu esteja em perfeitas condições, mas que se agrava com o passar do tempo e o ressecamento do composto.
Por essas e outras, é fundamental que a verificação da calibragem dos pneus seja feita semanalmente, seguindo a pressão indicada pela montadora. Essa informação, que varia de acordo com o peso que o veículo tem de deslocar, é encontrada no Manual do Proprietário e, em muitos modelos, em adesivos fixados na parte interna da tampa do reservatório de combustível ou na coluna da carroceria, junto à porta do motorista.
Vida útil
A baixa pressão também provoca um efeito extremamente prejudicial à durabilidade dos pneus, já que as extremidades externas da banda de rodagem (ombros) passam a receber uma carga maior. Além disso, a pressão interna insuficiente nos pneus deixa o volante “pesado” nas manobras (o que pode danificar o sistema de assistência hidráulica ou elétrica da direção) e, de forma mais crítica, à falta de estabilidade nas curvas ou ao detalonamento – quando o pneu desencaixa da roda -, provocando a perda do controle da direção.
Por outro lado, o excesso de pressão tem consequências menores. Entretanto, pode causar maior desgaste no centro da banda de rodagem, rachaduras na parte mais profunda dos sulcos, maior vulnerabilidade a estouros e a perfuração por detritos pontiagudos, e, nos casos mais extremos, também a perda de aderência e de estabilidade nas curvas.
É no percurso urbano que a baixa pressão dos pneus tem um efeito mais nocivo ao consumo de combustível. Nas rodovias, onde a velocidade é maior, o arrasto aerodinâmico (resistência ao ar) acaba sendo mais decisivo para o gasto de energia do que o atrito com o asfalto.
Dessa forma, a combinação de baixa pressão dos pneus com um trajeto sinuoso, de piso ruim e em um horário de congestionamento pode representar até um quarto do combustível consumido pelo motor. É que, apesar de o veículo se deslocar lentamente, a resistência ao rolamento e a maior energia gasta para recolocar o carro em movimento constantemente no para-e-anda acaba fazendo com que as câmaras de combustão exijam uma quantidade maior do líquido contido no reservatório.
Paralelamente, em situações de trânsito livre, o comportamento ao volante também pode ser um vilão para o próprio bolso. Atitudes como esticar as marchas, acelerar até dez metros antes do sinal vermelho para depois frear bruscamente, ou manter o carro parado em ladeiras com auxílio da embreagem enquanto mantém o acelerador pressionado são apenas alguns vícios que não só elevam o consumo de combustível, especialmente se agravadas pela negligência com o pressão dos pneus, como também provocam o desgaste prematuro de componentes da transmissão e dos freios.
Para se ter uma ideia de quanto pode custar o desperdício provocado pela baixa pressão dos pneus, vamos fazer uma conta simples, tomando como exemplo um motorista que rode 50 km por dia para ir e voltar do trabalho e que possua um veículo que, em condições normais, tenha um consumo médio de 8 km/l de gasolina.
Enquanto, normalmente, o consumo diário seria de 6,25 litros, no pior dos cenários esse índice seria elevado para 7,81 litros; ou seja, um desperdício cotidiano de 1,56 litro. Multiplicando pela quantidade de dias úteis no mês (22), e novamente pela quantidade de meses no ano, chegaríamos a 411,84 litros anuais. Considerando o preço médio do litro da gasolina de R$ 2,59, teríamos um prejuízo de R$ 1.066,66 ao ano. Sem dúvida, uma quantia considerável, mas que pouca gente se dá conta.
Calibre corretamente
Para evitar esse ralo no orçamento doméstico e contribuir para um ar mais limpo e respirável, tenha como hábito conferir a calibragem semanalmente, o que pode ser feito, inclusive, enquanto se abastece o tanque. A verificação deve ser feita com os pneus frios, o que significa não rodar mais do que 1 km. Caso tiver de fazê-la com o pneu já aquecido – o que implica no aumento da pressão interna – adicione 4 libras (psi) à indicada pelo fabricante, verificando novamente a calibragem assim que possível, quando o pneu estiver frio.
Fonte: IG